terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Aquilo que se vê, é visto através do olhar de quem vê. Viu!


O olhar de quem vê,
vê bem o que vê,
através do olho que olha,
aquilo, que por ele, o olho,
pode ser enxergado.

Nem tudo que pode ser enxergado,
é enxergado através do olho que olha,
a olho nu.

Aquele que enxerga a olho nu,
tem olhos como de uma águia,
e o pouco que por ele pode ser visto,
é muito bem visto.

Contudo, nem tudo é visto a olho nu.


Ah vista,
que somente se vê,
através de olhos vestidos,
com trajes devidamente apropriados,
para a ocasião em questão.

Porém,
se a nudez dos olhos é exposta,
a visão pode ficar mal vista,
e sujeita a "vergonha" de
suas limitações e deficiências.

A "vergonha" de um olhar nu,
compromete a imagem que se vê,
de modo que sua visão se torna:
ofuscada; distorcida; embaçada...

Mas, não precisa ser assim!

Assim Sendo, recomenda-se
em ocasiões no dia a dia
onde se vê bem mal de perto, 
cobrir a nudez dos olhos, 
com a vestimenta diária de um óculo

Mas, se o que é visto mal,
mal visto é, por ser muito pequeno, 
grande ideia seria usar um microscópio.

Todavia, 
para ocasiões ocasionais
em que mal se vê de longe, 
não seria uma má ideia ter por perto 
a vestimenta casual de um binóculo.

Mas, se o longe que se quer vê,
é tão longe quanto outro planeta ou outra galáxia, 
então, neste caso, nem óculos, nem binóculos, 
melhor ideia seria um telescópio.

Enfim, 
veja que para cada ocasião
existe uma forma NÃO "vergonhosade 
ver com bons olhos tudo aquilo que é visível.

Contudo, nem tudo é visto por que visível é.

Existem coisas, NÃO visíveis,
que até um cego consegue ver,
assim queira.


Para aqueles que NÃO querem, é que se diz:
"O pior cego é aquele que não quer vê".

Se você, 
seja cego ou não,
é do tipo que quer vê...

Então, veja bem!
Estas coisas,
NÃO são vistas com os olhos,
são vistas com o "olhar".

"Olhar", de quem olha através das "lentes":
da sensibilidade; do discernimento; da ,...


"Lentes",
que vestem o nosso olhar 
com a capacidade de ver além
daquilo que os nossos olhos 
podem nos mostrar.



Contudo, também deve ser visto que:

Para a sensibilidade não ser ofuscada;
Para o discernimento não ser distorcido;
Para a não ser embaçada...

Convém 
evitar o "vergonhoso olhar"
de um julgamento precipitado.

Por isso,
antes de olhar,
recomenda-se o uso do
"colírio" da imparcialidade,
capaz de clarear a imagem
que se deseja enxergar.

Portanto, é realmente importante enxergar que...

Aquilo que é visto por quem olha,
nem sempre é a realidade REAL
daquilo que se mostra ao olhar.

Pois, 
assim como a visão 
daquilo que é visível para o olho
pode ser comprometida...

...da mesma forma,
o olhar de quem olha,
é capaz de comprometer
a realidade daquilo que se vê.


Afinal...
Aquilo que se vê,
é visto através do olhar
de quem vê.
Viu!

Pense Nisso!
Antogofe

Um comentário:

Anônimo disse...

Não desmerece a poesia nem a prosa ao conecta-las numa reflexão das mais eruditas que o autor já se permitiu fazer. O texto recorre, em principio, a desfragmentação do significado seco dos termos e expressões relacionados a visão e inseri um elemento cômico que brilhantemente também nos antecipa a necessidade de repensar coisas com as quais convivemos diariamente. A segunda parte da prosa poética retoma a ideia da desfragmentação, mas agora sob a roupagem critica mais explicita, diminuindo a enfase no humor, mas sem abandoná-lo. É visível a transição de uma parte para a outra, mas ha uma coesão em relacionar as duas subespécies para criar algo mais elevado e superior que é o todo da narrativa em si. Como é de sua característica, o autor faz marcações coloridas que auxiliam na progressão do entendimento, enfases e que por vezes, substituem as pontuações tradicionais ao sugerirem pausas, entonações e significados especiais. Sobretudo, o conteúdo é originalíssimo e totalmente plausível com a mensagem que no fim fica clara ao subconsciente: o olhar além do olhar. É um convite para a transcendência e a busca além do material do mundo sensível inferior, mas que também merece uma atenção pelo olhar bem visto dos óculos, lunetas e o que seja. Reformando a tese original de Platão de que o único mundo que deveríamos buscar(o mundo perfeito) seria o inteligível ou "o mundo das ideias", esta analise psicológica do autor Antogofe traz a perspectiva de que ha um casamento entre a realidade real e aquela que é invisível sob o viés de que uma altera a outra e que ha de se buscar a harmonia para se obter a "visão perfeita". O corpo poético do texto funciona muito bem ao adicionar a leveza necessária que nos faz querer entender e continuar a ler o que estava sendo dito. Esta obra se equipara a mais famosa "Dança das esferas" e por vezes até chega perto de superá-la. Um trabalho império, livre e singular.

Marina Mesquita