segunda-feira, 21 de abril de 2008

Veja Bem...

Já vi e ouvi esta expressão, “Veja Bem”, ser utilizada em diversos meios, por diversas pessoas e em diversas circunstâncias. Já vi em uma propaganda de televisão, já ouvi em programa de rádio e já vi e ouvi muito da boca de um colega de trabalho, o qual de tanto falar incorporou a expressão em seu sobre nome.

Veja bem! O que aqui desejo escrever não tem a ver com o uso da expressão “Veja Bem”, nem com o aspecto oftalmológico que esta expressão possa evocar. Não, não é isso! O intuito aqui é: discorrer sobre como o olhar de uma pessoa pode afetar sua reação diante dos fatos e circunstancias da vida. E quando digo “olhar”, não falo de “Mal olhado” nem de ”Olho gordo” ou qualquer outra coisa do tipo. Não, não é isso! Não é mesmo...
O que pretendo é: refletir como as influências diretas ou indiretas a qual todos estão sujeitos, contribui na formação do olhar, além de tentar compreender o quanto as lentes que cada indivíduo usa para ajustar seu olhar e interagir com o mundo ao seu redor são afetadas por tais influências. Por isso, veja bem como estar o seu olhar! Pois se ele (seu olhar) estiver “mal” ou “gordo” é bom que você verifique que “lente” você tem utilizado e quais são as “influências” que lhe influenciam...

Veja bem! Uma pessoa ao observar os fatos e as circunstâncias que lhe cercam, pode estar vendo tal fato ou circunstância como algo que seja: Certo; Correto; Bom; Ideal; Bonito; Indispensável; Etc. Ou esta mesma pessoa pode estar vendo tal fato ou circunstância como: Errado; mal; prejudicial; feio; desprezível; Etc.
Porém: É possível que tal pessoa veja aquilo que é como algo que não é, ou veja aquilo que não é como algo que é. De forma que:
  • Se algo é visto como bom, pode ser que seja ruim ou vice e versa;
  • Se algo é visto como certo, pode ser que seja errado ou vice e versa;
  • Se algo é visto como bonito, pode ser que seja feio ou vice e versa;
  • Se algo é visto como indispensável, pode ser que seja desprezível ou vice e versa...
Ora, a forma como se vê aquilo que se olha irá depender do olhar de quem vê! Por isso, veja bem com que olhar você estar olhando!

Veja bem! O olhar de quem vê, pode olhar aquilo que vê através do uso de duas lentes: “A lente da razão” e “A lente da emoção”.
  • A lente da razão mantém o foco da observação ajustado pelo conhecimento, pela lógica, pelo raciocínio, pelo bom senso... Ora, vê o que se vê através de tal lente (lente da Razão) é muito bom quando o que se quer vê é algo de natureza racional. Entretanto, ter um olhar que vê apenas com uso dessa lente pode ser um problema, pois às vezes para que se veja bem se faz necessário possuir certo “grau de sensibilidade”. E quem possui essa capacidade de vê é a lente da emoção...
  • A lente da emoção mantém o foco da observação ajustado pelas sensações, pelo sentir, pelo impressionável, pelo afeto por... Ora, vê o que se vê através de tal lente (Lente da emoção) é muito bom quando o que se quer vê é algo de natureza emocional. Entretanto, ter um olhar que vê apenas com uso dessa lente pode ser um problema, pois às vezes para que se veja bem se faz necessário possuir certo “grau de raciocínio imparcial”, e quem possui essa capacidade de vê é a lente da razão.
Portanto, veja bem, o olhar de quem vê, deve ser formado de modo que as lentes da Razão e da Emoção estejam presentes com seu devido grau de importância necessário para cada momento ou situação em que o individuo se encontra. Por isso, veja bem que lente você utiliza para olhar em cada momento!

Veja bem! O olhar de quem vê é formado por uma combinação de “influências”. Tais influências podem afetar o indivíduo influenciado de forma positiva e/ou negativa. Obviamente se o resultado é positivo ou negativo vai depender de qual influência estamos falando.Ora, existem basicamente duas fontes geradoras de influência: As que estão fora do ser e as que estão dentro do ser.

Veja bem! As influências de fora do ser são aquelas que possuem relação com o meio onde o indivíduo existe. Tais influências podem ser vistas em duas categorias: As influências de natureza coletiva e as influências de natureza individual.

Veja bem! As Influências de natureza coletivas são aquelas provenientes de grupos com interesses específicos. É através destas influências que se estabelece a forma padrão, o senso comum, a opinião da maioria. Nesse contexto, os meios utilizados para disseminar tais influências são: a mídia, o governo, a cultura vigente, as religiões... Etc.
O olhar que é formado somente por esse tipo de influência (Vinda de fora do ser, de natureza coletiva), é um olhar que julga ter na maioria do contexto em que estar inserido a melhor opção de como vê o mundo ao seu redor. Será mesmo?
Uma coisa é certa, quem possui tal olhar corre o risco de perder o senso critico sobre aquilo que vê de forma que passe a reagir como um robô previamente programado. Por isso, veja bem aquilo que lhe influencia!

Veja bem! As influências de natureza individuais são aquelas que se manifestam entre indivíduos. Isso acontece da seguinte forma: Determinados indivíduos são vistos por outros como uma espécie de ícone, Nesse contexto, a lista de possíveis ícones é imensa, dos quais alguns são: O professor; O pai; A mãe; O patrão; O líder religioso (padre, pastor, rabino...); O escritor; O médico; O artista (ator, cantor, poeta...); O líder de turma de jovens (da escola, do shopping, da igreja...); O líder de grupos extremos (de partidos políticos, de gangues de rua, de Fanáticos religiosos...), Etc.

Veja bem! Ícones são indivíduos formadores de opinião, que por natureza possui o poder de influenciar os que participam de sua esfera existencial. Dessa forma:
  • Um pai pode influenciar seus filhos(s) com seu exemplo de vida;
  • Um líder religioso pode influenciar os fiéis de sua religião com os dogmas e doutrina da mesma;
  • Um escritor pode influenciar seus leitores com suas idéias expostas em textos bem articulados;
  • Um médico pode influenciar seus pacientes com orientações sobre como chegar à cura de sua doença;
  • Um artista pode influenciar seus fãs com sua forma de vê e compreender o mundo.
  • Um líder de turma pode influenciar seus liderados a optar pelo seu gosto e preferência ou pode motivá-los a desenvolver seus próprios gostos (o ultimo caso é raro, mais acontece)...
  • Um líder de grupos extremos pode influenciar ou até mesmo obrigar seus liderados a seguir seus ideais a qualquer preço...
O olhar que é formado somente por esse tipo de influência (Vinda de fora do ser, de natureza individual), é um olhar que julga ter no “ícone” influenciador um referencial a ser seguido. Será mesmo? Bem, se é ou não é esta é uma questão a se considerar. Por isso, veja bem quem lhe influência!

Veja bem! Existem influências que não vem do meio onde o individuo existe, mas vem do próprio ego do indivíduo. Ora, quando menciono “ego” não falo como quem utiliza um termo da psicologia ou ciências afins. Não, não é isso! Quando digo “ego” entenda algo como: o coração; a alma; o âmago do individuo... Portanto, as influências que dele (do ego) procedem, quer seja pelo canal do consciente ou do inconsciente, são as que chamaremos de As influências de dentro do ser.

Veja bem! O “ego” é como um lugar ou um ambiente onde a essência do ser existe. Uma parte dessa essência já vem de “fábrica”, ou seja: está com cada um desde a hora em que nascemos. A outra parte surge durante o existir do ser.
Ora, é enquanto se estar sendo na existência que no “ego”:
  • Formam-se às “convicções” que definem o jeito de pensar;
  • Constroem-se as “ambições” que motivam o jeito de agir;
  • Guarda-se aquilo que para nós é como um “tesouro existencial” o qual estabelece o senso de valor que possuímos...
Ora, coisas deste tipo é que caracterizam o jeito de ser de cada indivíduo. Por isso, veja bem do que é constituído seu ego!

Veja bem! O “ego” também é um lugar onde se instalam certas “doenças” de natureza existencial. Tais doenças têm infectado a humanidade desde Adão. A lista dessas doenças infelizmente é grande, entre elas estão: “O egoísmo”, “O orgulho”, “A procrastinação”, ”A auto-suficiência”, ”O medo”... A maioria das religiões costuma chamar esse tipo de doença pelo nome “pecado”.
Ora, pecado ou doença, o fato é que o olhar de quem vê é severamente afetado por tal doença-pecado, de forma que é comum entre os infectados, errar o alvo daquilo que se quer vê. Dessa forma quem é infectado com a doença-pecado:
  • Egoísmo é alguém que desenvolve um olhar míope. Pois o individuo egoísta só consegue ver a um palmo do nariz ou no máximo seu próprio umbigo. A vacina contra essa doença-pecado é o “altruísmo”. E no tratamento inclui o desenvolver a capacidade de abrir mão e doar-se ao próximo. Difícil, mas não impossível...

  • Orgulho é alguém que se torna incapaz de admitir que não esteja vendo direito. Pois o indivíduo orgulhoso não abre mão nem dos seus próprios erros; A vacina contra essa doença-pecado é a “humildade”. E o tratamento inclui doses de um rebaixamento voluntario. Difícil, mas não impossível...

  • Procrastinação é alguém que tem como filosofia de vida a regra “deixa para olhar amanhã o que tem de ser visto hoje” e quando o amanhã se torna hoje, o individuo aplica a regra novamente. A vacina contra essa doença-pecado é o “Agir”. E o tratamento inclui doses de ação de iniciativa de sair do lugar de conforto, mas também requer saber abrir mão do perfeccionismo senão não sai do canto. Difícil, mas não impossível...

  • Auto-suficiência é alguém que acha não precisar de influência que não seja dele mesmo. Pois o indivíduo alto suficiente tem a ilusão que se basta. A vacina contra essa doença-pecado é a “interdependência”. E o tratamento inclui doses de humildade, além de desenvolver a compreensão que o mais importante está nos relacionamentos travados e não no fazer coisas. Difícil, mas não impossível...

  • Medo é alguém que possui uma forte ausência de coragem para olhar aquilo que precisa ser visto. Pois o individuo medroso precisa de uma ajuda externa que lance fora o medo. Por isso a vacina apropriada contra essa doença-pecado e o “AMOR”. E o tratamento requer um aprendizado sobre o que de fato é amar. Pois existem muitas falsificações do que aqui chamo de “AMOR”. E o que é “AMOR”? DEUS é AMOR!
Ora, essas doenças-pecados se instalam no “ego” do individuo e causam muitos danos, não somente ao olhar, mas a todo o ser do indivíduo. Pois, ao se misturarem com suas Convicções e Ambições, transformam seus “tesouros existenciais” em alimento para a traça e a ferrugem. Por isso, veja bem como está a saúde de seu olhar! Pois, assim como estiver seu olhar, estará também seu Coração (Alma, Ego...).

Veja bem! Que as influências existem, isso não tem como negar. Se nosso olhar será ou não afetado por tais influências, isso irá depender de cada indivíduo. Mas uma coisa é certa: cada indivíduo vê o mundo conforme seu próprio olhar. E olhares existem muitos, dá até para criar uma listinha por categorias:

Existem olhares que vêem de pólos opostos
O olhar Otimista x Pessimista. Ter um olhar “Otimista” é bom, mas se o otimismo for apenas expressão de “ingenuidade” é ruim. Por outro lado, ter um olhar “Pessimista” é ruim, mas se o pessimismo for uma apenas expressão de “Prudência” é bom.
O olhar Liberal x Conservador. Um olhar “Liberal” libera o individuo para conservar sua liberdade de percepção. Enquanto que um olhar “Conservador” conserva o individuo livre de liberdades que não convêm.

Existem olhares do tipo bordões
O olhar Maria vai com as outras. Aquele que olha conforme alguém já olhou antes. Ora, se convêm ou não convêm que a “Maria” vá com as “outras”, isso vai depender de quem são as “outras”...
O olhar Me engana que eu gosto. Aquele que olha qualquer coisa sem verificar a fonte. Ora, mesmo que o “engano” não seja um “engano”, como se saberá se não existe senso crítico para avaliar?

Existem olhares com nome de mulher
O olhar Gabriela. Aquele que nasceu vendo “assim”, cresceu vendo “assim” e vai morrer vendo ”assim”. Ora, se o “assim” não é pra ser “assim”, mas é pra ser “assado” ou “cozido” é algo a se questionar.
O olhar Amélia. Aquele que era o olhar de “verdade”. Ora, é bem verdade que a verdade pode ser apenas uma “verdade relativa” conforme aquele que olha e não a “verdade absoluta” conforme aquele que É.

Existem olhares DIVERSOS
O olhar 43. É aquele assim, meio de lado, já saindo, indo embora, louco por você. Que pena, que desperdício... Pode ser chamado também de Olhar 42+1
O olhar Clínico. É aquele a que nada escapa. Pois, examina tudo como se fosse um exame. E por isso mesmo pode também ser chamado de olhar raio-X. O
olhar Crítico. É aquele que olha como se estivesse fulminando o alvo de sua observação. Por isso pode ser chamado também de olhar fuzilamento.
O olhar Periférico. É aquele que olha somente ao redor, ou na superfície, ou por fora do foco central de observação. Pode ser chamado também de olhar perimetral
O olhar Binário. É aquele que só vê preto no branco, certo ou errado, feio ou bonito. Ou seja: tudo se resume a duas opções e por isso pode também ser chamado de Olhar zero ou um. Ou Olhar sim ou não

Ora, Não se pode dizer que um olhar qualquer, por si só é bom ou ruim, pois cada olhar tem seu momento de vê. E para tal momento outro olhar que não seja o olhar do momento, pode fazer com que o indivíduo que vê, não veja bem aquilo que de fato é. Por isso veja bem com que olhar você estar olhando em cada momento!

E por último e não menos importante. Veja muito bem.
O Olhar que um indivíduo possui sobre o mundo ao seu redor funciona como uma luz para si mesmo e para os que estão próximos de si.
De forma que: Se o olhar de quem vê for um olhar bom, puro, sadio. Ele mesmo, aquele que vê, será iluminado por tal olhar além de iluminar a tudo e a todos que estiverem ao seu redor.
Por outro lado: Se o olhar de quem vê for um olhar mal, sujo, doentio, seu ser será como que um ambiente escuro e tudo que por ele é visto, até mesmo ele próprio, será visto em escuridão profunda.
Portanto: veja muito bem com que olhar você se vê e vê o mundo ao seu redor, pois será ele (seu olhar) quem definirá se seu caminhar enquanto existir, será um caminhar iluminado por luz ou escurecido por trevas...
Ora, estas coisas não sou eu que as digo, elas foram ditas pelo mestre JESUS há mais de 2000 anos atrás, enquanto caminhava entre os humanos, Ele (Jesus) foi o único que possuiu o perfeito olhar sobre todas as coisas, e por isso mesmo, com o seu olhar luminoso, pode nos guiar como um farol que guia os barcos em alto mar...
Eu de minha parte, apenas creio no que Ele disse e mostrou. E por isso mesmo, busco segui-lo como discípulo que sou, passando sua mensagem adiante, de todos os jeitos de todas as formas...

E você?

antogofe

Um comentário:

Aristarco disse...

Excelente texto, Toni: Um incentivo ao autoexame e uma recomendação ao equilíbrio. Gostei muito das doenças- pecados e suas vacinas.

Graça e Paz.
Pr. Aristarco