sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Enganoso Engano

Ninguém gosta de ser enganado!
Mas não se engane, neste mundo é muito comum ser enganado...

Enganado por quem? Você me pergunta!
Enganado pelo ”governo” e suas falácias sobre resolver os problemas da sociedade. Discorda? Então me responda: Porque direita e esquerda; situação e oposição; já passaram pelo poder e não resolveu de forma definitiva o que prometem resolver? Será que o povo tem os políticos que merece? Enganado pelas “empresas” que motivam seus funcionários a vestir a camisa e alcançar sua realização profissional. Entretanto, com ou sem realização, toda esta movimentação apenas alimenta um sistema capitalista, o qual força o empregado e o empregador a negligenciar seus valores mais nobres. Discorda? Então me responda: Vale a pena ganhar o mundo inteiro e perder a alma? Afinal, é o trabalho que dignifica o homem? Ou o homem que dignifica o trabalho?
Enganado pelas diversas “religiões” e seus representantes que se auto-intitula responsáveis pelos negócios de “deus” na terra. Discorda? Então me responda: Por acaso Deus é comerciante; ou empresário; ou curandeiro; ou garoto de recado; ou um burocrata, ou um despachante? Onde estar DEUS nestes negócios?
Enganado pelos “amigos” e seus interesses escusos que visam tirar proveito da amizade. Discorda? Então me responda: Você já se decepcionou com um amigo? Porque se decepcionar com amigos?
Enganado pelas “famílias” que possuem histórias ocultas no passado. Histórias que geram conflitos no presente. E quanto ao futuro só Deus sabe... Discorda? Então me responda: Quem é a “ovelha negra” da sua família? Não tem nenhuma? Será que você não ta enganado? Se tiver, porque que tem? Qual o problema da ovelha ser negra?

Quem já foi enganado, geralmente utiliza o próprio engano como uma espécie de “vacina” contra outros enganos da mesma modalidade. É como dizem os adágios populares:Lago onde tem piranha, jacaré nada de costa.” Ou “Gato escaldado tem medo de água fria.” Ou ainda “Depois de casa roubada, trancas na porta.” E mais “Macaco velho não mete a mão em cumbuca.”

Como funciona esta “Vacina”? Você me pergunta!
Bem, isso muda muito de acordo com a modalidade do engano e com o perfil do individuo enganado. Por exemplo: Quando o ingênuo toma a vacina, perde a ingenuidade e assim não é mais enganado ao ser tratado como um bobinho; Quando o ignorante toma a vacina mata a ignorância obtendo conhecimento e assim não é mais enganado ao ser tratado como um burro. Quando o negligente toma a vacina passa a ficar mais atento e assim não é mais enganado ao ser tratado como um descuidado.

Quem já se vacinou e se protegeu contra algumas das modalidades de engano, não podem afirmar que a “vacina” é boa ou ruim para qualquer pessoa. Pois, em algumas pessoas a “vacina” pode simplesmente imunizar o individuo contra uma modalidade de engano especifica, porém em outras poderá existir efeitos colaterais associados. Por exemplo:

Perder a ingenuidade pode ser bom, se associado a esta perda da ingenuidade houver um ganho de maturidade que permita o ex-ingênuo crescer como individuo. Por outro lado, pode ser ruim, se ao invés da maturidade, o ex-ingênuo desenvolver o efeito colateral da desconfiança crônica de tudo e de todos. Ora, todos precisam de alguém em quem se confia...
Obter conhecimento sobre assuntos diversos pode ser bom, se associado ao ganho de conhecimento o individuo desenvolver uma mente aberta e sensível para compreender aqueles que ainda se mantém ignorantes. Por outro lado, pode ser ruim, se ao adquirir novos conhecimentos, o ex-ignorante desenvolver o efeito colateral da arrogância, da soberba da auto-suficiência, ou como se diz no popular o famoso “sabe tudo”. Ora, ninguém sabe tudo...
Ficar mais atento pode ser bom, principalmente se o ex-negligente além de atento ficar mais responsável. Por outro lado, pode ser ruim, se além de ficar atento e responsável o ex-negligente desenvolver o efeito colateral de um perfeccionismo doentio. Ora, nenhum ser humano é perfeito, afinal errar é humano ou não e?

Ora, tem muito mais a ser dito sobre engano, enganador e efeitos colaterais. No entanto os exemplos acima não seriam suficientes para falar sobre tudo que deve ser falado, seria necessário um tratado. Porém eu apenas trato de tocar no assunto de forma superficial afim de que, para aquele que gosta de refletir, reflita a respeito do que foi dito e considere que todas as formas de engano que foram mencionadas até este ponto não são nada comparadas a pior forma de engano que possa existir. Falo sobre o “Auto-enganoÉ como dizem os adágios populares:O pior cego é aquele que não quer vê” ou “Não conte com o ovo na barriga da galinha” ou ainda “O que os olhos não vêem o coração não sente.

Tem muita gente que gosta de se enganar!
É sim! Gosta de se enganar. E geralmente gosta porque o engano ou o auto-engano faz com que o auto-enganado se sinta bem acreditando em seu enganoso engano.

Como é que alguém pode enganar a si mesmo? Você me pergunta!
Engana-se ao falar sobre si, aquilo que sobre si não é verdade. Engana-se mentindo pra si mesmo. Este é o auto-engano da mentira!
Engana-se ao pensar sobre si, além do que sobre si pode ser pensado. Engana-se iludindo a si mesmo. Este é o auto-engano da ilusão!
Engana-se ao viver conforme gostaria de ser e não conforme é. Engana-se vivendo uma falsa realidade sobre si mesmo. Este é o auto-engano da fantasia!
Engana-se ao gerar expectativa não real sobre si ou sobre alguém real como eu e você. Engana-se ao imaginar, pensar, ou deduzir coisas irreais sobre si ou sobre alguém. Este é o auto-engano da ficção!

Quem já se enganou, mesmo tendo compreendido seu auto-engano, geralmente nega que se enganou. É semelhante a um bêbado que tendo bebido todas suando álcool, cambaleando e tropeçando em tudo não admite estar bêbado.

Tem muita gente que é viciada em auto-engano!
Assim como um “alcoolatra” é um dependente químico do álcool, um “auto-enganolatra” é um dependente existencial do auto-engano. De forma que, seu vicio sendo alimentado cria uma personagem fictícia. Esta personagem pode ser o próprio individuo auto-enganado, ou alguém sobre quem o auto-enganado projetou seu enganoso engano. Seja qual for a “droga” o vicio é nocivo diretamente ao viciado e indiretamente aqueles que se tornam co-dependentes.

Como é que alguém se vicia em auto-engano? Você me pergunta!
Não é de uma hora pra outra que uma pessoa se torna viciada em auto-engano. Tudo funciona de forma gradativa e vai assumindo outros estágios até que a pessoa não consegue mais se livrar do vicio. De um modo geral o roteiro é mais ou menos o seguinte:

Primeiro, ao tentar se enganar, a pessoa não consegue enganar nem mesmo seus instintos mais ingênuos, pois lá no fundo ela desconfia que exista algo errado em relação as suas convicções. Se for assim, o próprio indivíduo será capaz de se libertar do auto-engano, desde que dê atenção a sua desconfiança.
Num estagio seguinte a pessoa auto-enganada já se convenceu que não existe nenhum engano a seu respeito. Entretanto, seu convencimento não convence outras pessoas ao seu redor. Se for assim, são estas pessoas que podem ajudar o individuo a se libertar do auto-engano.
O estágio final é quando a pessoa auto-enganada já se transformou em uma personagem de domínio publico. Ou seja: por trás da personagem criada pelo auto-engano não existe mais a pessoa real nem para ela mesma nem para outras pessoas. Se for assim, somente Deus é capaz de trazer a pessoa de volta a realidade, livrando-a dos efeitos nocivos do auto-engano em sua vida.

Somente a VERDADE é a cura contra todo tipo de engano!
É verdade, não existe uma forma de combater o engano que seja tão eficiente quanto a VERDADE. Todas as demais formas podem até funcionar. Porém, funcionam parcialmente, ou para um tipo especifico de engano, ou por um período de tempo especifico. Entretanto, somente a VERDADE é o remédio definitivo para doença do engano. Todavia, não se engane! O remédio da VERDADE pode até ser amargo. Mas uma coisa é certa: CURA!.



Antogofe

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