terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Observador e a dança das esferas – Parte I (O Observador)

Quando eu era criança, era visto como uma criança muito curiosa. Tinha o hábito de observar tudo ao meu redor, nada passava por mim despercebido. E tudo que por mim era curiosamente observado gerava infindáveis perguntas.

Lembro-me de deixar muitos adultos impacientes ao tentarem responder meus questionamentos. E de fato, a impaciência não era sem motivo, pois, era uma criança verdadeiramente insistente. E pior ainda do que a impaciência era o constrangimento que se gerava por um adulto não saber responder a uma pergunta feita por uma criança. No caso eu!

Lembro-me também de um tio meu que ficava perplexo ao ouvir meus questionamentos. E mais perplexo ainda ficava ao esboçar uma resposta e perceber que só serviu para gerar uma enxurrada de novas perguntas.

Pois bem, esta época de curiosidade infantil a muito já se foi... Mas a sede de entender o mundo ao meu redor, esta não se foi nem um pouquinho, pelo contrario, ficou, cresceu, amadureceu e me tornou alguém com fome de observação, eu diria “quase” um observador “compulsivo”.

Mas, o que é ser um observador?
Ser um observador é observar aquilo que observado pode ser, conforme o interesse e a capacidade de observação de quem observa.

Em geral, o observador, procura através de suas observações compreender melhor a existência de todas as coisas possíveis de por ele serem entendidas num dado momento de sua existência.

Na busca de tais compreensões, tem-se o objetivo de experimentar uma aquietação das perguntas inquietantes provenientes da alma.

Contudo, a alma de um verdadeiro observador, sabe que uma resposta aceitável a uma pergunta inquietante, não é a mesma coisa que uma resposta final e absoluta.
Não, não é!
Nem poderia ser!
E por que não?

Ora, porque vivemos em um mundo limitado pelas percepções relativas. E relativamente falando, a aceitação de uma resposta como absoluta só se faz satisfatória para o momento e o contexto da observação em questão. E só! Somente só e nada mais...

Pois, quando um observador acha uma resposta isso o leva a outra pergunta, e a mais outra pergunta, e a outras perguntas mais...

Em outras palavras, por mais que a nossa capacidade de observar seja intensa e aguçada, sempre haverá algo mais a ser observado além do momento ou do contexto da observação em questão.

Portanto, para quem almeja aprender a arte da observação, pra começar, deve observar que a sede de observação tem um inicio, mas “nunca” terá um fim. E é assim que tem de ser para quem quer ser um observador.

E quem é observador?
O observador não “É”...
Os observadores é que “São”!
Sim! Pois, são muitos...

E destes muitos que “São”, infelizmente, pouco sei eu sobre quem seriam, pois é comum nos observadores um jeito reservado de ser. Entretanto, é possível observar nos observadores, características comuns, características como:
  • Uma forma de se expressar similar a relatividade de um cientista em suas teorias.
  • Uma capacidade de abstração equivalente a de um filosofo em seus pensamentos.
  • Uma sensibilidade poética correspondente a de um artista prodígio em sua arte.
  • Uma alma piedosa semelhante a de um guardião religioso em suas ações.
Se você possui pelo menos uma destas características, saiba que pelo menos "potencialmente" você é um observador. No entanto, quanto a factualmente você, ser ou não ser, eis uma questão que eu não sei. Embora, com certeza eu sei sem sombra de dúvidas que:

Eu Sou!
Ah, sou sim!
E não só sou, mas, gosto de ser!
E não só gosto, mas, gosto muito!

Está no sangue...
Está na alma...
Está no espírito...
Está em tudo que possa fazer parte de mim.

É um hobby...
É uma mania...
É uma necessidade existencial...
Minha esposa às vezes, ou quase sempre, acha que isso é uma doença...

Mas não é!
Não é mesmo!
E por que não?

Ora, simplesmente tem gente que é assim, por que assim é. Quem observa, sabe que o que digo é verdade. E verdade é que ser assim, um observador, nada mais é do que um perfil de ser, entre muitos perfis que possam existir.

Eu sou assim!
E por assim ser, desejo, preciso, necessito, de forma visceral, satisfazer esta minha necessidade de observar o que por mim pode ser observado. Pois, só assim, tenho condições de saber, entender, compreender como as coisas existem e coexistem na existência. E então dessa forma serei capaz de responder as perguntas que tanto incomodam a minha alma:
  • Onde?
  • Quando?
  • Como?
  • Por quê?
  • De que forma? 
Enfim, sou um observador por natureza, e naturalmente fui forjado para assim ser. Não pedi para ser, nem muito menos para deixar de ser. Apenas sou assim e não consigo negar...

E eu não quero!
Nem quero que ninguém queira!
Negar pra que?

É assim que eu sou!
E se alguém for assim, não deve negar que assim é mesmo quando os outros não entendem o fato de você assim ser. Tadinho deles, né não?

E se alguém acha que ser assim, um observador, é perca de tempo, eu é que não perco meu tempo tentando ser diferente de quem eu sou.

Ser diferente:
Seria o mesmo que ir contra minha própria essência;
Seria o mesmo que deletar o software básico que caracteriza o meu ser;
Seria o mesmo que não ser assim como eu sou.
Mas, sou assim e não consigo ser diferente...

E eu não quero!
Nem quero que ninguém queira! 
Ser diferente pra que?

Já disse, eu sou assim e Pronto!
E quero continuar assim sendo... Embora, saiba que não é o fato de assim ser, que me fará melhor do que ninguém, nem tampouco pior do que alguém. Ser assim, um observador, apenas caracteriza bem o perfil de como eu sou. E só! Somente só e nada mais...

Sobre o fato de ser melhor ou pior do que alguém, isso não tem nada a ver com o perfil que se tem, no entanto, tem tudo a ver com o uso que se faz do perfil que se tem, seja ele um perfil de um observador, ou outro perfil qualquer...

E como é que sei disso?
Ora, eu sou um observador! Lembra?
E como observador que sou, eu sei!
E sei por que qualquer observador saberia.
E sei também que por mais que um observador saiba, isso ainda é menos do que estar no começo do inicio do principio de uma longa e eterna jornada de observação...
E sei ainda que, para ser um observador, não basta somente observar.

É preciso saber observar!
Se você deseja saber como observar,  então, veja a sequencia em:
"O observador e a dança das esferas Parte II (As esferas)"
Por enquanto, é somente isso.
E só! Somente só e nada mais...
Antogofe

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